Quatro mulheres imigrantes da ex-União Soviética estão
encarregadas da conservação e restauração dos famosíssimos manuscritos
encontrados há meio século atrás nas margens do Mar Morto.
"Não considero
isto um trabalho, mas uma bênção" - afirma uma delas.
E são estas as únicas pessoas no mundo autorizadas a tocar
nos manuscritos com mais de 2 mil anos. Têm no entanto de travar uma batalha
contra um inimigo resistente: a fita gomada.
As suas armas: pinças, pequenos pincéis e uma paciência
infinita...!
O trabalho paciente destas quatro mulheres russas é
assegurar que os manuscritos sejam exibidos em condições ideais e restaurar as
dezenas de milhares de fragmentos que sofreram não apenas com os estragos do
tempo mas também com os esforços de conservação feitos no passado.
E é um trabalho impressionante feito dia após dia ao longo
destes últimos 18 anos, principalmente na remoção da fita adesiva que foi
utilizada há décadas para unir os vários fragmentos.
"A fita adesiva tinha acabado de ser inventada e naquela
altura pareceu ser uma boa solução, mas na década de 60 provou ser um
desastre" - informou Pnino Shor, que dirige o Departamento de Tratamento e
Conservação de Artefactos na Autoridade de Antiguidades de Israel -
"Resíduos de fita adesiva penetraram no pergaminho, causando a sua
desintegração".
Segundo Shor, as conservadoras, que trabalham num pequeno
laboratório do Museu de Israel em Jerusalém precisarão de outros 18 anos para
completarem a tarefa de restauração dos fragmentos.
Os fragmentos são considerados um dos achados arqueológicos
mais importantes de sempre e compõem cerca de 900 documentos da maior
importância religiosa e histórica. O mais antigo documento data do 3º século
a.C. e o mais recente de cerca do ano 70 d.C., quando as tropas romanas
destruíram o segundo Templo em Jerusalém.
"Foram escritos num momento crucial da História, quando
a civilização ocidental, o judaísmo e o cristianismo estavam-se cristalizando
nas religiões que conhecemos hoje" - acrescentou Shor.
"Os manuscritos ensinam-nos sobre a nossa origem
comum".
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