21/10/2010

A INVASÃO DE SENAQUERIBE




Prisma de Taylor,
que descreve
o ataque a Jerusalém
por Senaqueribe.
 
Chegada ao tanque de
Siloé.
Depois do cerco e queda de Samaria, os poderosos exércitos assírios dirigiram-se para Judá, o reino do Sul. A sua intenção era irem até ao Egipto. Nessa época, reinava em Judá Ezequias, um rei justo e bom. O profeta Isaías aconselhou-o a manter a sua confiança: o Deus de Israel salvaria Judá dos seus inimigos. Ezequias preparou-se, portanto, para resistir, a fim de libertar o seu povo das influências assírias. Tomou medidas destinadas a defender Jerusalém contra o ataque inevitável dos assírios. Os vestígios arqueológicos desses preparativos são espectaculares. Desde a época de Salomão que não tinha havido tantos trabalhos de construção. Era sobretudo o campo de refugiados a Oeste da cidade que representava um problema. Como é que Ezequias podia protegê-lo contra a violência assíria? Foi encontrada uma muralha maciça, com a espessura de sete metros. Tinha sido construída à volta do campo de refugiados, incluindo assim este último no perímetro da cidade fortificada de Jerusalém. Esta tinha-se tornado uma das maiores cidades da Siro-Palestina. A espessura da muralha mostra que Ezequias tentava proteger-se da maior potência militar da época.
Passeio refrescante num
dia quente de
Verão.
Para o seu abastecimento de água, Jerusalém dependia da fonte de Giom, situada na encosta da colina a Leste da cidade. Esta fonte era particularmente vulnerável, dado que estava situada fora das muralhas. Construir paredes fortificada não era possível. A partir do Monte das Oliveiras, situado nas proximidades, os arqueiros inimigos poderiam facilmente atingir quem fosse buscar água. Era, portanto, imperioso levar a água da fonte de Giom para o interior das muralhas, onde os sitiados poderiam abastecer-se sem correr riscos.
Planta de Jerusalém,
com o traçado
do túnel mandado
escavar por
Ezequias.
Antes da conquista de Jerusalém por David, os jebuseus tinham cavado um pequeno túnel que conduzia a água até ao interior da fortaleza. Mas dado que a sua capital era muito maior, Ezequias devia arranjar um sistema mais eficaz. Começaram a cavar um túnel com mais de 500 metros no terreno rochoso. Esse túnel levou a água para um lugar a Oeste da cidade de David, mas, desta vez, no interior das novas muralhas mandadas construir por Ezequias. Esse lugar, onde se podia conseguir água em completa segurança, foi chamado o tanque de Siloé. Foi aí que, muito mais tarde, Jesus curou um cego. Num certo lugar do túnel, foi descoberta uma inscrição em hebraico que dá informações sobre a realização deste projecto. Duas equipas de operários trabalharam em simultâneo, começando nas duas extremidades do traçado. O troço onde as duas equipas deviam encontrar-se a meio do túnel era muito sinuoso. Utilizando uma tecnologia bastante primitiva, os trabalhadores tiveram que corrigir o traçado inúmeras vezes, a fim de permitirem o encontro da duas equipas. No fim dos trabalhos, a extremidade oeste teve de ser baixada dois metros, de modo a obter um desnível suficiente para que a água se escoasse para o reservatório.
A Bíblia conta como Ezequias mandou construir este túnel e o reservatório (2ª Reis 20:20). Ainda hoje, este túnel é utilizado e pode ser visitado. É um passeio refrescante num dia quente de Verão. Munido de uma lanterna, o visitante atento pode ver, na rocha, as marcas das ferramentas usadas pelos trabalhadores, bem com o lugar onde se encontraram as duas equipas.
Inscrição encontrada no túnel
que descreve os
trabalhos

Dados do Túnel de Ezequias:
533 m./ 1749 pés sob a terra.
320 m./ 1056 pés de superfície.
Altura: 1.1-3-4 m (3.6 pés - 11.22 pés).
Largura: 0.58-0.65 m de largura (1 ¾ -2 pés). Profundidade: 52 m/ 170 pés do topo do morro. Gradiente: 7 pés.
Tempo de construção: 7-9 meses.

18/10/2010

A VIDA DENTRO DE UMA CIDADE BÍBLICA

Berseba: poço à entrada
da cidade.
Por vezes, a arqueologia bíblica esclarece certos relatos bíblicos de maneira bastante espectacular. Mas também é importante descobrir o modo de vida das pessoas nos tempos bíblicos. Berseba é, provavelmente, a cidade bíblica mais bem estudada e mais posta a descoberto. Ela dá uma ideia bastante precisa da vida da época.
Imaginem a cena: antigamente, um viajante aproximava-se de Berseba através dos campos de cevada e dos prados onde pastava as ovelhas e as cabras no Inverno. As pedras utilizadas para as fortificações conferiram à cidade uma forte cor ocre. Os telhados achados de certas casas encostadas às muralhas estavam, provavelmente, cobertos de palha. As crianças brincavam ali. Ao cair da noite, famílias inteiras encontravam-se nos telhados, à procura da frescura da brisa…
Selo de Baruque,
filho de Nerias.
A entrada da cidade, com os seus três portões maciços, era um lugar cheio de vida. Era ali que se organizava a vida social da cidade. os viajantes contavam as notícias de outras cidades; os camponeses encontravam-se para partilhar as suas experiências e as suas preocupações. Era também aí que os campos eram vendidos ou comprados e os casamentos combinados. Era ainda aí que os governadores da cidade se sentavam e julgavam. Era o verdadeiro centro da cidade urbana. Um pouco mais para o interior da cidade, chegava-se a um outro lugar importante: a praça do mercado. Era ali que os viajantes esperavam que alguém lhes oferecesse hospitalidade. Uma ou duas vezes por semana, instalava-se ali um mercado. Havia caravanas que paravam ali para descarregar as mercadorias trazidas de outras cidades. Em seguida, essas mercadorias eram transportadas para os armazéns e os entrepostos situados à direita da porta. Eram carregadas outras mercadorias, destinadas à exportação. Os entrepostos serviam de lugares de armazenagem, mas também de lojas onde a população local podia comprar as suas provisões.
À esquerda da porta, encontravam-se um pequeno santuário onde os visitantes e os trabalhadores que se encontravam nas proximidades podiam retirar-se para meditar. Da praça partia um caminho que contornava a cidade interior, paralelamente às muralhas. Esse caminho dava acesso às casas construídas encostadas à parede da fortaleza, e também aos bairros residenciais no centro da cidade.

Selo de Sema,
servo de Jeroboão.
 Ao entrar numa casa, podíamos constatar que era mantido o estilo típico de construção israelita: três ou quatro divisões e pilares entre o pátio interior e os quartos. A cozinha e as outras actividades domésticas diárias faziam-se no pátio interior. O gado, principalmente ovelhas e cabras, ocupava uma das divisões. As outras serviam de armazém e, sobretudo, de dormitório, nas famílias mais pequenas ou pobres. Os ricos podiam dar-se ao luxo de construir um primeiro andar, acessível através de uma escada em pedra.
Havia pouca intimidade. Por todo o lado, havia crianças que corriam e brincavam sendo, muitas vezes, os seus gritos e os seus risos abafados pelo barulho dos animais. Era muito frequente ver várias famílias aparentadas habitarem sob o mesmo tecto. As águas usadas escorriam em direcção ao centro da rua, por meio de pequenos canis. Condutas mais importantes levavam-nas até à porta, e daí para o vale. Devia pairar no ambiente um odor nauseabundo de detritos, de podridão e de excrementos, sem falar do fumo das numerosas fogueiras sobre as quais eram preparadas as refeições. Era provável que o esterco composto de excrementos de animais e de humanos, e os materiais orgânicos apodrecidos, fosse posto num monte para servir de adubo para as terras.
Selo de Jazanias
(2ª Reis 25:23)
Não há dúvida de que o homem moderno se sentiria muito mal numa cidade destas. Mas o campo não era realmente uma alternativa válida, já que os ladrões representavam uma ameaça demasiado real. A vida era assim, e as pessoas habitavam-se a ela. É muitas vezes aconselhado que situemos as personagens bíblicas no seu contexto. A arqueologia dá-nos uma ajuda nesse aspecto.
Vestígios de personagens bíblicas.Dispomos de inscrições que mencionam personagens da Bíblia. Na Antiguidade, o selo pessoal era o único meio de identificação. Tratava-se de uma pedra onde estava gravado o nome. Assim, foi descoberto um selo com a menção “Baruque, filho de Nerias, o escriba”. Tendo em conta a data da inscrição – meados do século VII a.C. – é quase certo que tenha pertencido ao amigo do profeta Jeremias. Os textos de Jeremias 32:12,16 e 36:4 fazem menção de um escriba chamado Baruque, filho de Nerias. Um outro selo encontrado pertencia a Seraías, irmão de Baruque, de quem se fala em Jeremias 51:59. Três outros selos mencionam pessoas de linhagem real.
Duas delas, Manasses e Joiaquim, depois tornaram-se reis, enquanto que a terceira, Jerameel, é citada em Jeremias 36:26, como sendo um príncipe. Essas personagens bíblicas existiram, portanto, realmente.
Conclusão:Todos estes elementos mostram a importância da arqueologia bíblica ao dar uma nova dimensão à nossa compreensão da via nos tempos bíblicos e ao nosso respeito pela Bíblia.

11/10/2010

O EXÍLIO BABILÓNICO

Prelúdio.
As medidas tomadas por Ezequias, na previsão de uma eventual invasão assíria, foram um sucesso. Jerusalém não caiu nas mãos dos Assírios. No entanto, nas suas narrativas de guerra, Senaqueribe indica, em tom de triunfo, que Jerusalém teve de pagar pesados tributos. Laquis, a segunda cidade de Judá, foi completamente destruída. Isso é evidente no relato escrito pelo próprio Senaqueribe e nas escavações feitas em Laquis. Senaqueribe chegou mesmo a mandar gravar a recordação da derrota da cidade numa placa comemorativa. Nessa placa vêem-se os defensores colocados sobre as muralhas, enquanto o invencível exército assírio está prestes de alcançar a vitória. Numerosos refugiados deixam a cidade que está a arder. Temos a sensação de que o rei da Assíria se sentia orgulhoso do seu feito. A maior parte das outras cidades de Judá parece terem sido parcial ou totalmente destruídas nessa mesma época.
Cerco e tomada de Laquis pelo exército
assírio de Senaqueribe.
Jerusalém aguentou-se. Na verdade, o reino de Judá tinha ficado reduzido praticamente a uma cidade-estado. Mas no reinado de Josias, na segunda metade do 7º século a.C., o poder assírio enfraqueceu e Judá voltou a ser uma grande nação florescente. Os relatórios das expedições arqueológicas mencionam a reconstrução das fortificações nas fronteiras e a presença de celeiros destinados a proteger e a conservar os produtos comerciais. Foi um período de paz e de prosperidade, justificando os elogios feitos ao rei Josias que podemos ler na Bíblia.
Pedaço de uma placa de barro
encontrado perto de Mesad
Hahavyahou, que relata uma queixa
de um trabalhador contra o seu patrão.
Pela primeira vez, Judá parecia exercer o seu poder sobre uma parte das regiões marítimas habitadas pelos Filisteus. Perto de Mesad Hashavyahou, foi encontrado um importante pedaço de uma placa de barro. Um trabalhador queixa-se do seu patrão, que parece ter transgredido uma das leis mosaicas sobre o empréstimo de bens. A nota era provavelmente dirigida ao juiz local e fazia parte das provas de acusação. O facto de que um trabalhador pudesse levantar um processo jurídico contra o seu patrão, no quadro de um artigo da lei mosaica, mostra a forma séria coo a reforma de Josias tinha sido aplicada em todo o país. Noutras épocas, a corrupção era tal que o patrão teria facilmente podido parar todo o processo com uma pequena quantia em dinheiro. Mais ainda, um trabalhador nunca teria ousado apresentar queixa junto de um juiz.
Parece que Josias também conquistou para Judá a maior parte das regiões a norte e reunido temporariamente as duas partes do reino. Assim se compreende a razão pela qual a Bíblia compara Josias ao rei David. Josias morreu numa batalha contra os egípcios, em Meguido.
O profeta Jeremias.
Inscrição em hebraico numa
sepultura em Silwan.
O ministério profético de Jeremias começou no reinado de Josias. Depois da morte desse rei reformador, as coisas precipitaram-se para o profeta. Sob os sucessores de Josias, as antigas corrupções voltaram a aparecer a minaram a sociedade. Jeremias anunciou a queda e a destruição de Jerusalém, mas o povo não quis saber, considerando-o um renegado. Não tinha Deus salvo a cidade e o templo, de modo milagroso, na época de Ezequias e de Isaías? O povo acreditava firmemente numa nova intervenção divina. Assim se compreende por que razão as palavras de Jeremias o tornaram tão impopular junto das autoridades e dos responsáveis religiosos.
Ornamento em
Ramat Rahel
Uma das principais injustiças denunciadas por Jeremias era a desigualdade entre ricos e pobres. Embora a nação tivesse sido fundada sobre o princípio da igualdade para todos, os pobres eram oprimidos pelos ricos. Os túmulos descobertos em Silwan, um bairro de Jerusalém, dão testemunho disso. As sepulturas dos ricos atestam um luxo evidente, enquanto que os pobres não podiam ter senão uma simples tumba.

O profeta repreendeu os reis de Judá, porque não faziam nada para ajudar as pessoas do povo que viviam em condições difíceis. Este fosso entre os monarcas e os seus súbditos é confirmado pelas descobertas feitas em Ramat Rahel, a sul de Jerusalém. Foram trazidas à luz ruínas de um edifício que tinha as características de um palácio, tanto pelo seu estilo como pelo seu luxo. Além disso, este tipo de arquitectura só se encontra nas construções reais. Podemos deduzir de tudo isso que este palácio situado fora da cidade servia de residência aos monarcas que já não suportavam viver com o povo. Claro que não se pode criticar o rei por procurar a tranquilidade. Mas é evidente que uma residência assim, situada longe da realidade diária, não favorecia nada o seu interesse pelas necessidades dos seus súbditos.
Outras decorações que fizeram
parte de um palácio.
Uma outra curiosidade descoberta em Ramat Rahel é um conjunto de capitéis esculpidos em forma de flor de lótus. Esses capitéis proto-eólicos só se encontram na Palestina e apenas em lugares onde os reis passavam uma boa parte do seu tempo. O luxo da real Ramat Rahel ia provavelmente de mãos dadas com um empobrecimento espiritual da casa de David. Pouco tempo depois, Judá desapareceu como nação. Jeremias tinha, portanto, boas razões para anunciar as suas mensagens proféticas de advertência.

09/10/2010

JERUSALÉM DESTRUÍDA POR BABILÓNIA

Muros de Jerusalém
Quando Nabucodonosor venceu os exércitos egípcios no norte da Síria em 605 a.C., toda a Palestina, incluindo Judá, caiu em seu poder. Com efeito, depois da derrota de Josias em 609, Judá estava sob administração egípcia. Mas Nabucodonosor não cercou a cidade de Jerusalém. Contentou-se em levar como reféns uns quantos membros da família real a fim de exercer uma certa pressão sobre o reino de Judá. Entre esses reféns encontravam-se Daniel e os seus três amigos.
Apesar desta situação precárias, Judá revoltou-se em 601 a.C.. A cidade de Jerusalém foi cercada uma primeira vez pelos babilónios, acabando por se render em 597, mas não foi destruída. Na verdade, Nabucodonosor tinha hábito de preservar as entidades nacionais sob a direcção de nobres locais. Levou consigo o rei Jeoiaquim e colocou no trono o seu tio Zedequias, na esperança de que este levasse a sério os interesses de Babilónia. Em Babilónia foi encontrada uma lista de distribuição de víveres na qual figura o nome de Jeoiaquim, o rei de Judá deportado em Babilónia. Habitualmente, os exércitos que subiam contra Judá atacavam primeiro as cidades e aldeias dos arredores antes de atacarem a verdadeira fortaleza que era Jerusalém. Senaqueribe tinha seguido essa estratégia em 701 a.C., e os romanos viriam a fazer o mesmo no ano 70 da nossa era. Indícios claros mostram que várias cidades judaicas foram destruídas nessa época. Algumas nunca mais foram reconstruídas, enquanto que outras ainda foram habitadas até ao último ataque babilónico e à sua destruição total em 586 a.C.. Assim, Ramat Rahel foi destruída e parcialmente reconstruída até ao seu fim definitivo. Outras cidades, como Laquis, que não voltaram a desfrutar da sua glória inicial depois da destruição causada por Senaqueribe em 701 a.C., foram definitivamente arrasadas em 197. o reino de Judá estava de novo reduzido a uma espécie de cidade-estado concentrada em volta de Jerusalém.
Crónica babilónica que relata a queda da
cidade de Jerusalém.
Tal como em 722 a.C., depois da destruição de Samaria, um mar de refugiados dirigiu-se para Jerusalém um grande número de fugitivos tentou escapar à carnificina babilónica. A região desértica a Este e a Sul de Jerusalém tinha sido sempre um lugar de refúgio em caso de ameaça militar. Foi aí que David se refugiou para escapar ao seu antecessor Saul. Foi também aí que os Essénios construíram mais tarde uma cidade e esconderam os seus preciosos rolos, a fim de os proteger dos seus inimigos. Assim, pois, um bom número de refugiados judeus dirigiu-se para esta região selvagem. Construíram as suas casas perto do oásis de En Guédi, na margem ocidental do Mar Morto. Os arqueólogos descobriram aí uma cidade floresceste datando dessa época, sem encontram vestígios de ocupação humana anterior. Tudo leva a crer que essa cidade era habitada pelos fugitivos.
A destruição de Jerusalém, uma catástrofe nacional.
Depois de uma nova revolta, os exércitos babilónicos dirigiram-se de novo para Judá. Em 587-586, Jerusalém foi completamente arrasada, incluindo o templo do Deus de Israel. A destruição do templo foi, provavelmente, uma experiência mais traumatizante do que a perda dos bens pessoais. A fé do povo repousava no poder libertador de Deus. Neste contexto, a destruição do templo parecia indicar que a Sua morada fosse destruída, era algo impensável. O Deus todo-poderoso nunca teria permitido que pagãos idólatras profanassem e destruíssem o Seu santuário. Esta destruição abalou os fundamentos da sua fé.
No entanto, Jeremias tinha mencionado a possibilidade desse desastre nas suas profecias. De agora em diante, ele deixou de ser um inimigo da nação, mas um instrumento que podia ajudar Judá a ultrapassar a catástrofe. Jeremias explicou aos seus compatriotas as razões da derrota. Devido aos seus pecados, eles tinham-se afastado tatuo de Deus que Ele já não podia fazer mais nada por eles.
Restava apenas confessarem os seus pecados, aceitarem o castigo e orarem pelo restabelecimento de que os profetas tinham falado. Esse dia prometido tornou-se o centro das esperanças dos exilados.
Cidade refúgio
Escavações feita em toda a Palestina testemunham de carnificina impiedosa infligida pelos babilónios em 586 a.C.. Em muitos lugares, foram encontrados vestígios de destruição brutal. Com frequência, uma espessa camada de cinzas e de escombros queimados cobre o solo das casas. Não se nota qualquer vestígio de ocupação humana posterior. Em nenhum lugar se pode observar uma transição progressiva da monarquia para o período persa. Só se encontram provas de destruição seguida de um período de desolação. Alguns desses lugares nunca mais foram habitados.


Jerusalém parece, igualmente, ter sido abandonada. As escavações não revelaram nenhum elemento que datasse do período do exílio. As fortificações em terraços a oriente da cidade e a espessa muralha que rodava a parte oeste foram desmanteladas e nunca mais foram reconstruídas. Jerusalém tinha-se tornado o que os profetas tinham predito: uma ruína que todos os viajantes evitavam, e onde a avestruz e o chacal tinham a sua morada. Um lugar desolado e horrível, comparado com a sua glória passada.

Água abundante nestes
lugares de refúgio.

Uma grande parte da população que não conseguiu escapar foi levada cativa para Babilónia. Aqueles que ficaram, viveram ao serviço dos babilónios, sob a autoridade de Gedalias, um governador judeu. Jeremias, que tinha sido bem tratado pelos invasores, pôde ficar no país. Manteve contactos estreitos com Gedalias que habitava em Mizpá, alguns quilómetros a Norte de Jerusalém. Alguns colaboradores entre os nobres, que tinham fugido para Amon, do outro lado do Jordão, assassinaram Gedalias. Isso provocou uma nova invasão babilónica em 582, completando a destruição das cidades e das aldeias de Judá. Assim como um certo número de pessoas, o idoso profeta Jeremias empreendeu a fuga para o Egipto, a fim de escapar a esta última invasão babilónica. Aí fundaram uma comunidade judaica, que, posteriormente, se tornou muito importante.
Selo de Nerias, pai de Baruque,
secretário de Jeremias.
O reino de Judá tornou-se um território deserto. Os dados arqueológicos e as informações fornecidas pela Bíblia concordam nesse ponto. Os salteadores e as feras eram os senhores da região. O mesmo se passava com as nações vizinhas de Judá. Embora algumas ainda durassem mais umas dezenas de anos, não passaram do século VI. A região marítima da Palestina continuou a ser habitada, mas os habitantes viveram na pobreza. A norte, as cidades costeiras da Fenícia aguentaram-se, mas apenas graças ao abastecimento fornecido pelas suas colónias situadas a oeste. Durante treze anos, Tiro foi sitiada por Nabucodonosor, mas graças às suas relações com os territórios de além-mar, a cidade não caiu. À parte estas poucas excepções, a população de toda a Siro-Palestina nunca tinha sido tão pouco densa. Todos estes dados correspondem ao quadro descrito pela Bíblia.

05/10/2010

DANIEL EM BABILÓNIA

Ciro o Grande
Vários elementos que, no passado, constituíram problemas quase insolúveis relativos à historicidade deste do livro de Daniel, tiveram uma explicação. Esses relatos narrativos e proféticos podem, agora, ser tomados a sério.
Nas suas descrições proféticas, Daniel utiliza imagens de animais bastante estranhos, realmente difíceis de entender para o leitor moderno. As pessoas que viviam na época da supremacia babilónica não tinham essas dificuldades de compreensão. Hoje, a arqueologia ajuda-nos a levantar alguns véus.
A célebre porta de Istar, encontrada em Babilónia, estava coberta de relevos que representavam animais estranhos e outras feras terríveis.
O objectivo era impressionar, quem sabe intimidar, o visitante desta grande cidade. a grandeza de Babilónia era visualizada, simbolicamente, por estas representações. São estes mesmos símbolos que encontramos nos sonhos e visões de Daniel. Nada de extraordinário, portanto, para um leitor familiarizado com a cultura babilónica. Na Antiguidade, as forças cósmicas eram muitas vezes representadas sob a forma de animais desse tipo.
Reconstrução do palácio de Nabucodonosor.
As paredes com baixos-relevos de
animais selvagens
O conhecimento do meio histórico e geográfico no qual Daniel teve as suas visões ajuda-nos a compreender não só as cenas que evocam animais, mas também as que mencionam “os reis do Norte e do Sul”. Na realidade, ninguém se aproximou de Babilónia vindo de Este ou de Oeste. Os desertos e cumes montanhosos formavam uma barreira intransponível para os exércitos inimigos. Esses exércitos usavam sempre os vales a Sul e a Norte.
Tendo em conta a dimensão do livro de Daniel, podemos afirmar sem problema que dispomos de mais provas e de indícios arqueológicos relativos a ele do que a qualquer outro livro da Bíblia. E, no entanto, muitos duvidam da sua veracidade. Embora este livro apresente muito poucas semelhanças com outros livros da Bíblia (exceptuando o Apocalipse), é preciso saber que este tipo de literatura extra-bíblica foi encontrado em abundância. Dispomos de numerosos manuscritos medievais que contêm textos que datam da Antiguidade. Para o leitor moderno, esta literatura cheia de representações gráficas pode parecer estranha, mas não era assim para o leitor da época.
Cilindro no qual figura o decreto promulgado
por Ciro, autorizava os judeus a voltarem a
Jerusalém
Ciro
Voltaremos a mencionar as conquistas de Babilónia por Ciro, o Grande. Uma das razões pelas quais os babilónios aceitaram facilmente este monarca foi porque este adorava, entre outros, o seu deus Marduque. Sabemos que Ciro tolerava os deuses nacionais dos povos conquistados. Assim, as palavras de 2ª Crónicas 36:22,23, que afirmam que Ciro respeitava o Deus de Judá, bem como as profecias de Jeremias, estão confirmadas.
Quando Ciro promulgou o decreto que permitia aos judeus voltarem para Judá, a fim de reconstruírem a cidade de Jerusalém e o templo do seu Deus, muito poucos decidiram voltar. Durante os setenta anos passados em Babilónia, os deportados tinham construído uma vida desafogada e tinha esquecido a sua pátria. O enorme trabalho que os esperava para reconstruir Jerusalém e torná-la habitável assustava-os. Os judeus tinham acabado por constituir um grupo importante e próspero em Babilónia. Vários textos antigos mencionam um grupo importante de comerciantes judeus influentes. Encontramos a confirmação disso no livro de Ester. Não podemos avaliar a influência exercida por Ester na corte real, mas talvez fosse maior do que se poderia imaginar.
Uma parte do tesouro de Ciro.
Terão algumas destas
peças sido usadas
por Ester?
Também podemos perguntar-nos qual poderia ter sido a influência dos judeus monoteístas sobre o aparecimento da nova religião persa, conhecida sob o nome de zoroastrismo. Esta religião só conhecia duas divindades: a do bem e a do mal. Embora este dualismo não seja um verdadeiro monoteísmo, devemos salientar que esta crença de origem bastante vaga apresenta paralelos interessantes com a doutrina cristã que opõe Deus a Satanás.

01/10/2010

Pesquisadores chineses e turcos encontram a Arca de Noé

A importância deste achado é porque, pela primeira vez na história, a descoberta da Arca de Noé foi bem documentada e revisada para a comunidade mundial. Houve várias ocasiões no passado em que pessoas encontraram a Arca e ainda entraram na arca, mas nenhuma evidência substancial foi apresentada para o mundo. Por exemplo, em 1883, pelo menos oito jornais ao redor do mundo informaram que uma equipe de vistoria dos comissários da Turquia subiu o Monte Ararate e encontrou por acaso uma gigantesca estrutura de madeira muito escura que acreditaram ser nada menos que a Arca de Noé. No entanto, a descoberta não foi mais investigada. Em diversas ocasiões, a Arca foi vista de fora de um avião. E em alguns casos fotos foram tiradas. Mas as fotos desapareceram inexplicavelmente.

O relato das testemunhas montou o quebra-cabeça completo da Arca, porque todos eles mencionaram os mesmos importantes detalhes que combinam exatamente com este surpreendente achado na montanha. Apenas alguns dos muitos detalhes que são mencionados deste achado são os seguintes:

1. A altura na qual foi encontrada, que é cerca de 4.000 metros de altitude.

2. Outro detalhe é a forma como a Arca está localizada na montanha - ligeiramente inclinada - e que tem aparência de madeira marrom avermelhada; a ponta da Arca está apodrecida e quebrada; e há buraco através do qual se pode entrar.

3. Que a sua maior parte está enterrada no gelo e que a Arca é muito sólida e de alta qualidade; e muito escura e longa em retângulo.

Alguém subiu na Arca em 1948 e tentou quebrar um pedaço da Arca com sua adaga, mas a madeira era tão dura e não se quebrou. Isso nos deixa com as seguintes perguntas:

1. Se esta não é a Arca, porque é que alguém construiria algo com enormes e pesadas vigas acima dos 4000 metros de altitude, onde não se pode respirar e viver com facilidade?

2. Por que alguém iria construir uma espécie enorme de estrutura com mais de um andar no alto da montanha, quando há mais espaço suficiente para construir?

Portanto, a minha conclusão é: há quantidade enorme de sólidas evidências de que a estrutura encontrada no Monte Ararate, na Turquia oriental, é a lendária Arca de Noé.

Gerrit Aalten
Pesquisador holandês que há 35 anos se dedica a estudos sobre a Arca de Noé. Viajou seis vezes para a Armênia, entrevistou diversas pessoas e procurou vestígios da Arca em diferentes culturas e na história. Considera a Arca como patrimônio da humanidade.

NOAH`S ARK´FOUND IN TURKEY