
Cada cidade-estado da Suméria era governada por um
patesi que seria ao mesmo tempo o supremo sacerdote e chefe militar absoluto. Os deuses regionais eram os proprietários de todas as terras a quem os homens deveriam servir, sendo as cidades as suas cidades terrenas. Qualquer cidade digna deste nome, deveria construir um templo ao deus patrono, este tornava-se o centro da cidade. Estes templos eram construídos em forma de pirâmide e eram chamados zigurates. Eram construções de tijolos maciços, eram o santuário de adoração e o lugar por excelência para o deus habitar, visitar o povo e derramar as suas bênçãos ou maldições.Os templos ou zigurates eram para os sumérios a ligação entre o céu e a terra. Provavelmente, o sonho de Jacó visualizando uma escadaria que vinha do céu em direcção à Terra, tenha relação directa com essa imagem cultural ainda presente na sua época (Gén. 28:10-22).Diferentes dos egípcios, os governantes da Mesopotâmia, salvo raras excepções, não eram tidos como deuses, mas eram considerados os seus representantes e intermediários. Facto que lhes concedia grande supremacia sobre o povo, era vista de algum modo que a autoridade que exerciam era divina e não podia ser posta em causa. Ninrode viu nesta "política divina" a oportunidade de unificar politicamente a região e ter o controle sobre as cidades-estados que viviam em constantes conflitos. Ao apresentar-se pela sua sabedoria e força como líder estabeleceu que estas fluíam não só de todos os deuses das regiões da terra, as também do Deus do céu. Foi por isso que ele empreendeu o maior projecto arquitectónico de todos os tempos: construir o mais gigantesco de todos os zigurates, a t

orre de Babel.O nome do edifício foi escrito a dedo. Babel (que os hebreus propositadamente chamavam Bavel, "confusão") vem do acadiano bab-ilu que quer dizer

"portal de Deus". Com isso os seus construtores queriam dizer que, enquanto os deuses menores usavam os zigurates locais para se comunicar com o povo, o chefe dos deuses (Anu ou Enlil) usava o zigurate de Babel para descer a Terra. Portanto todos os povos deveriam estar ali para adora-lo, mesmo que fossem devotos de outro deus local. Babel era o local de principal convergência dos deuses e dos povos. Era o testemunho da fraternidade “ecuménica” que traria paz, prosperidade e dessa unidade resultaria uma terra mais fértil. Em 1872, George Smith descobriu um tablete cuneiforme que trazia o seguinte relato acerca da edificação de um zigurate que

provavelmente

poderia ter sido a torre de Babel:"A Edificação desta torre ofendeu a todos os deuses. Numa noite eles [deitaram abaixo] o que homem havia construído e impediram o seu progresso. Eles [os construtores] foram espalhados e sua língua se to

rnou estranha."Novamente a arqueologia encontrou uma evidência do relato bíblico, dessa vez da confusão de línguas ocorridas em Babel. Um outro fragmento de tablete foi encontrado posteriormente, contendo 27 linhas. O texto é uma carta endereçada ao "senhor de Arrata". O remetente desconhecido solicita ao rei que lhe permita ser seu vassalo, pois os tempos estavam muito difíceis. Ele, então, relembra ao monarca qu

e houve uma era de ouro na Mesopotâmia em que havia "harmonia nos idiomas da Suméria" e "todo o universo, em uníssono [adorava] a Enlil numa só língua..."Actualmente, vários zigurates parcialmente preservados foram localizados na região do Iraque. Muitos deles datam de mais de 2.000 anos antes de Cristo e podem ter sido construídos nos dias de Ninrode. Di

fícil é saber se algum deles é, porventura, o que restou da torre de Babel. Mas, de qualquer forma, é interessante observar que os seus tijolos são queimados e cola
dos com betume, justamente como a Bíblia descreve o processo de construção da torre em Génesis 11:3.
Segundo a
Bíblia
, o reinado de Nimrod incluía as cidades de
Babel, Arac (Araque), Acad e Calene (Calné), todas na terra de
Sinear ou Senaar (
Génesis 10:10). Foi, provavelmente, sob o seu comando que se iniciou a construção de Babel e da sua torre. Tal conclusão está de acordo com o conceito judaico tradicional.
Sobre este homem,
Josefo escreveu: "Pouco a pouco, transformou o estado de coisas numa tirania, sustentando que a única maneira de afastar os homens do temor a Deus era fazê-los continuamente dependentes do seu próprio poder. Ele ameaçou vingar-se de Deus, se Este quisesse novamente inundar a terra; porque construiria uma torre mais alta do que poderia ser atingida pela água e vingaria a destruição dos seus antepassados. O povo estava ansioso de seguir este conselho, achando ser escravidão submeter-se a Deus; de modo que empreenderam construir a torre [...] e ela subiu com rapidez além de todas as expectativas." — Jewish Antiquities (Antiguidades Judaicas), I, 114, 115 (iv, 2, 3)
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