12/04/2011

ARQUEOLOGIA BÍBLICA: O EGIPTO

Mapa do Egipto.
GEOGRAFIA
Contrariamente à Mesopotâmia, o Egipto foi sempre habitado pelo mesmo povo. Isto deve-se principalmente à situação geográfica isolado do país, tornando difíceis os contactos com os outros povos, excepto ao longo das curtas fronteiras das extremidades Norte e Sul do território.
O Nilo, uma artéria vital.
Enquanto que, na Mesopotâmia, as precipitações atingem cerca de 300 a 700mm cada Inverno, o clima do Egipto é bastante seco. Podemos dizer que o Egipto e o Nilo são indissociáveis. Diz-se com frequência que 97% da população egípcia ocupa um território equivalente a 3% da superfície do país.
A agricultura não +e possível senão numa estreita
faixa de terra nas margens do Nilo. Este atravessa o vasto deserto do Sara e forma o único eixo de comunicação. A economia do Egipto é totalmente dependente da irrigação das águas do Nilo. A história antiga, a religião, a política, a sociologia e a economia são tributárias do Nilo e das suas propriedades vitais.
Antes da construção da barragem de Assuão, o caudal do Nilo aumentava devido à neve que derretia nas montanhas depois do Inverno. As águas inundavam grande parte do vale e deixavam assim humidade suficiente para se esperar obter uma boa colheita. Se a cheia fosse insuficiente, seguia-se um período de fome. Assim, a história de José que encontramos em Génesis 41 relata uma fome de 7 anos, que foi certamente causada pela falta de água. Alguns dos mais antigos textos egípcios referem-se aos problemas ligados ao nível de água.
Quando falamos do Egipto antigo, referimo-nos geralmente a esta parte do vale do Nilo compreendida entre a embocadura do Mediterrâneo e o ponto de intersecção da fronteira do Egipto actual como o Nilo. De facto, a fronteira situava-se quase ao nível da primeira catarata de Assuão. Para lá deste ponto estendia-se a Núbia que, ao longo dos tempos, sofreu cada vez mais a influência egípcia.
Alto e Baixo Egipto.
Cena agrícola (túmulo de Sennedjem no
vale dos artesãos).
O Egipto esteve sempre dividido em duas partes: o Alto e o Baixo Egipto. O Baixo Egipto compreende o delta do Nilo, o último troço do rio. Começa um pouco a Sul do Cairo, no lugar onde o Nilo se ramifica em muitos pequenos cursos de água que, cada um por seu lado, procuram um caminho para o mar e formam em definitivo uma espécie de triângulo invertido (daí o nome “delta”, parecido com a letra do alfabeto grego). O delta do Nilo é composto por uma infinidade de canais e de rios transversais que facilitam a comunicação. Situado no Norte do país, o delta beneficia igualmente da pouca chuva que oferecem os meses de Inverno. Atravessando o Sinai, podia-se chegar facilmente à Ásia Menor; e a Oeste, também se podia visitar a costa líbia. Foi assim que foi possível, já nesse tempo, manter trocas comerciais com outros povos. Graças a essas trocas, o Baixo Egipto foi sempre mais rico, e a sua população mais densa.
O Alto Egipto fica compreendido entre o delta e Cartum, situado a mais de 2000 km a Sul. Ao longo dessa tira de terra estabeleceram-se cidades e aldeias onde se desenvolveram muitas vezes sub-culturas, resultantes do seu relativo isolamento geográfico. Deste modo, nos tempos antigos, encontravam-se, em cada centro importante, várias famílias de deuses.
Como na Mesopotâmia, as cheias regulares levaram a população egípcia a organizar-se segundo o ritmo imposto pela agricultura, e isso a partir do terceiro milénio antes de Cristo. Mas apesar do processo de civilização engendrado, a cultura egípcia ficou sempre bastante estática, devido ao isolamento provocado pela intransponível pressão do deserto do Sara. É surpreendente constatar que as cenas de agricultara e da vida quotidiana pintadas nos túmulos antigos sejam tão semelhantes às que podemos ver ao visitarmos o Egipto moderno. Podemos, assim, imaginar facilmente qual seria a vida do povo hebreu durante a sua escravatura. Por exemplo, vemos muitas vezes tijolos de argila a secar ao sol, semelhantes aos que os Hebreus fabricavam noutros tempos.
OS HIERÓGLIFOS.
Exemplos de hieróglifos e a célebre pedra de Roseta.
A presença de três línguas diferentes
permitiu decifrar os hieróglifos.
1798: Os exércitos de Bonaparte ocupam o Egipto. Foi então que se descobriu uma pedra realmente notável em Roseta, uma pequena aldeia do delta. A escrita estranha que aí figurava era semelhante à que ornamentava dezenas de monumentos egípcios e que ninguém ainda tinha conseguido decifrar. Mas a pedra de Roseta iria permitir resolver o mistério. É composta por três textos: o primeiro em hieróglifos, o segundo em demótico (uma forma cursiva simplificada dos hieróglifos) e o terceiro em grego. Na época, o grego era conhecido e facilmente decifrável. Quando se percebeu que os três textos descreviam o mesmo acontecimento, tornou-se possível decifrar as outras duas escrituras comparando-as com o grego. Esta descoberta única permitiu, depois, compreender milhares de outras inscrições que se encontravam um pouco por todo o Egipto. Graças a esta pedra, a história do Egipto antigo está agora muito bem documentada e é conhecida em grande pormenor.
A escrita hieroglífica teve uma evolução semelhante à escrita cuneiforme na Mesopotâmia. Afirmou-se muitas vezes que uma certa forma de escrita cuneiforme teria sido transmitida aos egípcios no passado e que estes a adoptaram. Os hieróglifos são compostos por pictogramas, muito tipicamente egípcios e representam uma coisa ou uma ideia. Posteriormente, os desenhos simbolizaram sílabas. Até ao tempo de Cristo, os sacerdotes usaram os hieróglifos nos seus livros sagrados. O povo preferia o demótico pela sua forma simplificada e mais fluida.
Os escribas pertenciam a uma casta de elite.
Apesar de os hieróglifos não terem atingido as proporções internacionais da escrita cuneiforme, cobrem, todavia, cada monumento de pedra do antigo Egipto. Moisés aprendeu sem qualquer dúvida os seus princípios durante a sua estadia na corte do Egipto. Embora os hieróglifos fossem utilizados principalmente por uma elite de sacerdotes e escribas profissionais, podemos, no entanto, imaginar que os príncipes da corte do faraó tivessem, pelo menos, um conhecimento das suas bases, e que alguns deles pudessem mesmo ter um conhecimento aprofundado dessa escrita.

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