07/12/2010

O REINO UNIFICADO

1. O Nascimento da Monarquia.
Os filisteus eram uma constante ameaça e este perigo sempre iminente levou os israelitas a sair das suas pequenas colónias agrícolas para se instalarem em cidades mais bem fortificadas. Infelizmente, isso revelou-se insuficiente. Com efeito, a ausência de uma organização central poderosa conduziu à anarquia e à guerra civil (ver Juízes 19-21). A sua defesa debilitou-se e passaram a sofrer cada vez mais pressão da parte dos filisteus.
Esta anarquia política e a agressão filisteia atingiram o seu apogeu nos meados do século XI a.C.. A população começou a exigir um rei que exercesse um poder tangível. Em dois lugares diferentes, Gibeá e Silo, foram encontrados indícios dessas tensões no seio do povo de Israel.
Em Tell el-Ful, a antiga Gibeá, a Norte de Jerusalém, foram descobertos vestígios de uma destruição datada do fim do século XII, correspondente, provavelmente, ao que pode ler em Juízes 20. a anarquia política e social levou a uma guerra civil, no decurso da qual uma cidade israelita foi destruída por onze tribos de Israel.
Em Silo, as escavações também forneceram as provas de uma destruição que remonta a meados do século XI. A maior parte dos arqueólogos pensa que esta foi causada pelos filisteus, no momento da batalha de Eben-Ezer, relatada em 1ª Samuel 4. Siló estava situada no meio das colinas. Era aí que se encontrava o tabernáculo, uma razão suplementar para que os filisteus atacassem esta cidade. A destruição do centro religioso dos israelitas teria sido uma vitória psicológica importante. Depois desta guerra santa, com a qual o território israelita ficou exposto a outros ataques dos filisteus. Um rei suficientemente poderoso, um exército regular e que representasse o poder do estado, poderiam remediar este problema. Foi justamente por isso que Deus permitiu que Samuel ungisse um rei (1ª Samuel 8:9).
"Gibeá de Saul"
2. Gibeá de Saul.
Em 1ª Samuel 11:4 podemos ler a expressão “Gibeá de Saul”. A destruição de Gibeá, mencionada acima, foi seguida por um período em que a cidade ficou praticamente deserta. Ao mesmo tempo, a tribo de Benjamin foi quase dizimada, como nos indicam os capítulos 20 e 21 do livro de Juízes. Antes da reconstrução da cidade, restava apenas uma fortaleza, com uma torre em cada um dos quatro ângulos. Gibeá ficava situada sobre uma colina um pouco a Norte de Jerusalém, no coração do território de Benjamin. Dominava uma grande parte do vale do Jordão a Leste e uma grande planície fértil a Oeste, um bastião ideal para a protecção do coração de Israel.
Ruínas do palácio do rei Saul.
A fortaleza de Gibeá foi provavelmente construída por Saul e serviu-lhe de residência real, e daí a expressão “Gibeá de Saul”. Foi edificada com pedras brutas sobrepostas sem cimento, num estilo bem menos refinado do que o das casas importantes dos cananeus que residiam nas planícies. Não foram lá encontrados nenhuns objectos de ouro, nem de prata, nem de marfim nem pedras preciosas. O palácio de Saul foi um edifício bastante modesto.
A pobreza era evidente, embora a Bíblia não o diga de forma explícita. Os próprios princípios do direito israelita tendiam para um nivelamento social. O objectivo era manter uma certa igualdade, tanto no plano económico como no social. Numa sociedade deste tipo, a consolidação do poder real demorou tempo. Saul teve de agir com muito tacto e de aceitar compromissos em todos os domínios. Um luxo excessivo no inicio do seu reinado teria minado o seu poder.

Ruínas do palácio de Saul
1ª Samuel 9-13 e, especialmente, 1ª Samuel 13:1 e 2, contam-nos como é que Saul foi feito rei. O relato mostra que foi preciso esperar pelo segundo ano para que Saul constituísse um pequeno exército, mostrando assim toda a prudência de que devia dar provas em face dos princípios israelitas. As imagens que nos são fornecidas pela Bíblia e pela arqueologia vão no mesmo sentido. Saul não era um rei de aspecto majestoso.
3. Guerra civil perto de Gibeão.

Depois da morte de Saul e de Jónatas na batalha perto do monte Gilboa, David, que tinha sido ungido rei por Samuel pouco antes, começou a revelar as suas verdadeiras aspirações. Em Hebrom, foi coroado rei de Judá, mas as tribos de Israel (a parte Norte do país) estavam mais voltadas para Isbosete, um dos filhos de Saul. Com o apoio de Abner, o comandante-chefe do exército de Saul, Isbosete reinou no norte do país. Os dois exércitos encontram-se em Gibeão, uma cidade a noroeste de Jerusalém, perto de Gibeá, a capital de Saul. Foi estabelecida uma trégua. Os chefes dos dois exércitos, Abner e Joabe, encontraram-se perto do tanque de Gibeão, a fim de negociar. Foi decidido que cada campo enviaria doze homens valentes para combater. Segundo 2ª Samuel 2, os 24 soldados morreram e o combate ficou sem vencedor. Por isso, apesar de tudo, os dois exércitos tiveram que se enfrentar. Daí resultou uma vitória para David.

Poço cavado na rocha calcária, em Gibeão.

Foi descoberto um poço em Gibeão, provavelmente muito perto do lugar onde se desenrolou essa célebre batalha. No interior desse poço de dez metros de diâmetro, uma escada em caracol levava até ao fundo, cerca dezoito metros mais abaixo. Mais tarde, um túnel ligou este poço a uma fonte. Hoje, o poço está seco. As suas dimensões não têm nada de extraordinário; mas trata-se do poço mais antigo encontrado na Palestina até agora. É um dos primeiros poços que foram cavados e podemos compreender que fosse o orgulho daqueles homens.


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