Uma das maiores ironias no mundo académico é saber que os piores inimigos da Bíblia não são ateus, evolucionistas ou agnósticos, mas sim teólogos bíblicos que lecionam Antigo e Novo Testamento em universidades nos Estados Unidos e Europa.
Esse é caso de Philip Davies, da Universidade Sheffield, na Inglaterra. Para ele, David não é mais histórico do que o Rei Artur e os cavaleiros da távola redonda; por outras palavras, é folclore britânico. Essa é a opinião dele na obra In the Search of 'Ancient' Israel (Em busca do 'antigo' Israel), publicada em 1992. O seu argumento, porém, era baseado no silêncio de fontes históricas fora da Bíblia que mencionassem o famoso rei israelita. Um argumento, diga-se de passagem, muito perigoso para qualquer académico.
Ironicamente, um ano após Davies publicar a sua obra, a equipa de Avraham Biran, arqueólogo do Hebrew Union College, em Jerusalém, encontrou em Tel Dan, no norte de Israel, o fragmento de uma estela (pedra) contendo o registo histórico de uma guerra entre os reis da Síria, Israel e Judá. Nesse documento, o reino de Israel é chamado "Casa de Israel", enquanto o reino de Judá é chamado "Casa de David" (na quinta linha de baixo para cima, na foto)!
Ao anunciar a descoberta, a Biblical Archeology Review destinou mais de 15 páginas para falar a respeito do assunto, escritas pelo próprio Dr. Biran. Poucas edições depois, foi a vez de Philip Davies contra-atacar. Segundo ele, o documento arqueológico poderia ser uma fraude. O que Davies se esqueceu foi que o artefato não foi comprado de nenhum comerciante palestino ou judeu, mas foi desenterrado pela auxiliar de campo Gila Cook.
Outro argumento utilizado pelo académico de Sheffiled é a tradução da expressão aramaica BYTDWD como "Casa de David". Ele notou que todas as palavras do texto estão separadas por um ponto, mas nessa expressão não há ponto algum. Sendo assim, a tradução "Casa de David" estaria a ser forçada. Porém, ele esqueceu-se que os especialista em linguas hebraicas e aramaicas já sabiam: que quando há junção de um substantivo (BYT — casa) e um nome próprio (DWD — David), não se utiliza nenhum ponto na separação. Esse era um costume comum entre assírios, babilónicos e arameus (e a estela foi escrita em aramaico) no registo de um texto.
Para Kenneth Kitchen, uma das maiores autoridades em estudos orientais da actualidade, a descoberta é tremenda. De acordo com ele, a expressão "Casa de..." refere-se ao fundador da determinada dinastia, sendo atestada em todo o Médio Oriente da época. Estaria esse documento a mencionar o rei David, o autor do famoso Salmo 23? As evidências sugerem que sim. Bastou apenas um ano para uma descoberta arqueológica desmoronar a pesquisa de Philip Davies! Isso sim é ironia.
Essa peça esteve exposta, no Masp, São Paulo, Brasil. Quem assistiu testemunhou que cinco minutos valia uma vida. Sim, ver tal peça e relembrar as tantas histórias desse grande personagem da Bíblia. Eu conhecia a posição do Dr. Philip Davies sabia também da história do achado (não pude estar lá, que pena!) e o seu valor para o cristão no século 21, mas mesmo assim foi uma experiência poderosa, uma vez que a história bíblica pôde transpor milénios e ganhar um colorido mais acentuado através de um achado com quase três mil anos! Sim, as pedras falarão, esta falou, Glória a Deus!
é caso para dizer:
ResponderEliminar"Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos.
Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão." Lucas 19:39-40